quinta-feira, 5 de maio de 2011

Mahler Festival Leipzig

Concerts

Tuesday, May 17, 2011 8:00 PM

Gewandhausorchester
MDR Rundfunkchor
Berliner Rundfunkchor
GewandhausChor
Riccardo Chailly
Twyla Robinson, Soprano
Christianne Stotijn, Alto
Gustav Mahler: Symphony no. 2 in C minor

Wednesday, May 18, 2011 8:00 PM

Gewandhausorchester
MDR Rundfunkchor
Berliner Rundfunkchor
GewandhausChor
Riccardo Chailly
Twyla Robinson, Soprano
Christianne Stotijn, Alto
Gustav Mahler: Symphony no. 2 in C minor

Thursday, May 19, 2011 8:00 PM

Staatskapelle Dresden
Chor der Sächsischen Staatsoper Dresden
Esa-Pekka Salonen
Lilli Paasikivi, Alto
Gustav Mahler: Symphony no. 3 in D minor

Friday, May 20, 2011 8:00 PM

MDR Sinfonieorchester
Jun Märkl
Gustav Mahler: Symphony no. 10 in F sharp major (version by Deryck Cooke)

Saturday, May 21, 2011 8:00 PM

Symphonieorchester des Bayerischen Rundfunks
Yannick Nézet-Séguin
Gustav Mahler: Symphony no. 7 in E minor

Sunday, May 22, 2011 11:00 AM

Royal Concertgebouw Orchestra
Fabio Luisi
Anna Larsson, Alto
Robert Dean Smith, Tenor
Gustav Mahler: Totenfeier & Das Lied von der Erde

Sunday, May 22, 2011 8:00 PM

London Symphony Orchestra
Valery Gergiev
Gustav Mahler, Symphony no. 10 in F sharp major, Adagio & Symphony no. 1 in D major

Monday, May 23, 2011 8:00 PM

New York Philharmonic
Alan Gilbert
Thomas Hampson, Baritone
Gustav Mahler: Kindertotenlieder & Symphony no. 5 in C sharp minor

Tuesday, May 24, 2011 8:00 PM

Tonhalle-Orchester Zürich
David Zinman
Gustav Mahler: Symphony no. 6 in A minor

Wednesday, May 25, 2011 8:00 PM
Mahler Chamber Orchestra
Daniel Harding
Mojca Erdmann, Soprano
Gustav Mahler: Blumine, Lieder aus "Des Knaben Wunderhorn" & Symphony no. 4 in G major
Thursday, May 26, 2011 8:00 PM

Gewandhausorchester
MDR Rundfunkchor
Chor der Oper Leipzig
GewandhausChor
Thomanerchor Leipzig
GewandhausKinderchor
Riccardo Chailly
Erika Sunnegårdh, 1. Soprano
Christiane Iven, 2. Soprano
Christiane Oelze, 3. Soprano
Lioba Braun, Alto
Gerhild Romberger, 2. Alto
Stephen Gould, Tenor
Dietrich Henschel, Baritone
Georg Zeppenfeld, Bass
Gustav Mahler: Symphony no. 8 in E flat major

Friday, May 27, 2011 8:00 PM

Gewandhausorchester
MDR Rundfunkchor
Chor der Oper Leipzig
GewandhausChor
Thomanerchor Leipzig
GewandhausKinderchor
Riccardo Chailly
Erika Sunnegårdh, 1. Soprano
Christiane Iven, 2. Soprano
Christiane Oelze, 3. Soprano
Lioba Braun, Alto
Gerhild Romberger, 2. Alto
Stephen Gould, Tenor
Dietrich Henschel, Baritone
Georg Zeppenfeld, Bass
Gustav Mahler: Symphony no. 8 in E flat major

Saturday, May 28, 2011 8:00 PM

Wiener Philharmoniker
Daniele Gatti
Gustav Mahler: Symphony no. 9 in D major

Sunday, May 29, 2011 8:00 PM

Gewandhausorchester
MDR Rundfunkchor
Chor der Oper Leipzig
GewandhausChor
Thomanerchor Leipzig
GewandhausKinderchor
Riccardo Chailly
Erika Sunnegårdh, 1. Soprano
Christiane Iven, 2. Soprano
Christiane Oelze, 3. Soprano
Lioba Braun, Alto
Gerhild Romberger, 2. Alto
Stephen Gould, Tenor
Dietrich Henschel, Baritone
Georg Zeppenfeld, Bass
Gustav Mahler: Symphony no. 8 in E flat major

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Janacek - Jenufa - Bayerischen Staatsoper




















Produção de Jenufa de Janácek apresentada na Bayerisches Staatsoper em Munique, Abril de 2009


Leos Janacek

Jenufa

Die alte Buryja Helga Dernesch
Laca Klemen Stefan Margita
Stewa Buryja Joseph Kaiser
Die Küsterin Buryja Deborah Polaski
Jenufa Eva-Maria Westbroek
Altgesell Christian Rieger
Dorfrichter Christoph Stephinger
Frau des Dorfrichters Heike Grötzinger
Karolka Elena Tsallagova
Eine Magd Anaïk Morel
Barena Tara Erraught
Jano Laura Nicorescu
1. Stimme Mirela Bunoaica
2. Stimme Todd Boyce

Bayerisches Staatsorchester
Chor der Bayerischen Staatsoper
Regente: Kirill Petrenko
Diretor: Barbara Frey

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Haydn

Marcelo Coelho


Ele foi esmagado, quem sabe, pela ideia de que todo gênio precisa ser incompreendido.
POBRE HAYDN!
Comemoram-se os 200 anos da morte do grande compositor. Embora sua genialidade não dê margem a dúvidas, ninguém ignora o fato de que seus discos vendem pouco, e que o público de concertos foge dele.
Mozart e Beethoven, mais ou menos seus contemporâneos, garantiram seu lugar na posteridade. Mas Haydn... quem liga para ele?
Mário de Andrade, na sua "Pequena História da Música", deu uma chave para o mistério: sendo certamente um gênio, Haydn tinha também um lado "bocó".Talvez os seus retratos reforcem a impressão. Ao contrário da cabeleira torturada de Beethoven, ou da placidez seráfica de Mozart, o rosto de Haydn transmite uma imagem comum, objetiva e saudável dentro da peruca branca setecentista. A personalidade dele, pelo que se sabe, foi a menos neurótica possível. Os que conviveram com Haydn são unânimes em registrar sua afabilidade, seu bom humor, sua modéstia.
Pobre Haydn! Foi esmagado, quem sabe, pela ideia romântica de que todo gênio precisa ser incompreendido e sofredor.
Outro motivo leva Haydn a ser um insucesso de público: ele compôs demais. Beethoven escreveu nove sinfonias, o suficiente para que conheçamos cada uma delas: sua fisionomia, seu caráter e estado de espírito.O que fazer, entretanto, diante de um músico que fez 104 sinfonias? Não sei quantos quartetos de cordas, junto com uma avalanche de sonatas? Na maioria, o padrão de qualidade é tão alto que as escolhas se tornam difíceis. Desse modo, ao contrário de Mozart, que tem nas sinfonias 40 e 41 um ponto de referência sólido no repertório de concerto, não existe sinfonia de Haydn, por mais genial que seja, capaz de competir com tais celebridades.Ouço às vezes um programa disponível na internet (http://sites. radiofrance.fr/francemusique/ em/critiques/) que equivale a uma verdadeira mesa-redonda de futebol. Críticos de música clássica se defrontam, às cegas, com várias versões de uma mesma obra, e são encarregados de decidir qual a melhor. Analisando uma sinfonia de Haydn, chamada "Surpresa", os participantes desse programa chegaram perto de outra possível solução para o problema da injustiça que pesam sobre o compositor até os dias de hoje. Ainda que não pareça, Haydn costuma ser muito mal tocado. Nunca "parece" mal tocado porque, havendo suficiente afinação na orquestra, seus temas são sempre claros e acessíveis. Uma superfície de simetria e consonância torna sempre satisfatório o que se escuta. Mas é muito fácil perder o interesse pelo que acontece, à medida que a música se desenvolve. Fica evidente, em várias interpretações de sua obra, o grau de automatismo, de desatenção, de instrumentistas e maestros com respeito ao que ele escreveu. É como se os intérpretes deixassem a música ir adiante, sem prestar contas do equilíbrio, complicadíssimo, que existe entre a variedade e a unidade na música de Haydn. Para o ouvinte, o problema se repete. Podemos simplesmente nos distrair diante de uma estrutura harmoniosa, que poucas vezes evoca as paixões de Beethoven ou o lirismo, às vezes sombrio, de Mozart. Eis outra sina do compositor: não apenas bem-humorado, Haydn era genuinamente feliz. Pobre Haydn! Tinha, para resumir, duas qualidades que haverão de afastá-lo sempre do público mais amplo. Felicidade, sem dúvida; e outra, que talvez no fundo seja sua irmã: o gosto quase matemático pela razão. Ainda que sua música goste demais da brincadeira, e mesmo da palhaçada, não há compositor mais intelectual, mais cerebral do que ele. Uma sonata para piano expõe, secamente, alguns elementos melódicos. Nada do balé mozartiano, das intensidades de Beethoven. Outro tema se sucede. É preciso um bocado de treino para entender, mais tarde, o que Haydn foi capaz de fazer quando a sonata termina, repleta de novas combinações e vidas a partir do magro material de que partiu .O fato é que não gostamos muito de racionalidade na esfera estética. Claro que, nesse aspecto, tanto Mozart quanto Beethoven não ficam nada a dever a Haydn. Mas é uma burrice (da qual participo na maior parte das vezes) ignorar Haydn, o mestre de ambos, num campo que faz da música algo mais do que um simples deleite sentimental, e sim uma das mais altas expressões do intelecto humano.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A irrelevância da Música

"A irrelevância da música", por Por Matheus G. Bitondi

Ao contrário do que dizem as vendas, ela ocupa espaço ínfimo na vida da maioria das pessoas

Geralmente, quando se fala de música, é ela própria o que menos importa. Por mais paradoxal que possa soar esta afirmação, ela é plenamente verificável em qualquer discussão a respeito do assunto. Seja na informalidade de uma mesa de botequim ou na mídia mais especializada, há quase sempre uma série de fatores que se sobrepõem ao dado sonoro, obstruindo sua apreciação.
Esta constatação beira a obviedade quando levamos em conta a chamada música pop, com objetivos mais comerciais do que quaisquer outros relacionados à estética ou à criatividade. Ao ouvirmos ou lermos algo a respeito, podemos facilmente identificar uma longa lista de fatores tratados com maior grau de interesse do que aquilo que deveria estar em primeiro plano quando se fala de música: o som.
Foca-se geralmente em aspectos visuais, como figurinos, efeitos pirotécnicos e performances teatrais nos shows. Dados do comportamento e da personalidade do artista, como suas opiniões políticas, seu temperamento e, principalmente, problemas com álcool, drogas ou com a polícia, também parecem importar muito mais do que sua música. E há interesses ainda mais bizarros a serem postos em primeiro plano, como, por exemplo, determinadas características anatômicas do artista.
Com pretensão científica, divide-se ainda esta música em “estilos”, tais como hippie, punk, heavy metal, grunge e emo. Porém, quando se questiona a respeito das diferenças entre esses estilos, as respostas são automáticas em versar sobre roupas, penteados, ideologias duvidosas e, com muita freqüência, tal “atitude”, cujo significado ninguém é capaz de objetivar.
Seria de se esperar, porém, que a abordagem fosse diferente quando se trata da música erudita, normalmente isenta de tantos apelos comerciais. Contudo, não é o que acontece. A mesma “celebrização” de seus personagens está sempre a obumbrar o interesse das obras.
No caso dos compositores, isso se dá no mais das vezes pela criação de mitos trágicos -e geralmente não comprováveis-, envolvendo suas biografias. A figura do autor está sempre acima da obra. Ao ouvi-la, parece ser mais importante diagnosticar a heróica surdez de Beethoven, a genial loucura de Mozart ou a martirizada homossexualidade de Tchaikóvski do que captar as principais idéias musicais e desvendar o desfecho dramático do discurso.
Outra coisa que induz o ouvinte a uma escuta completamente passiva é o status de “gênio” conferido a muitos compositores. O entendimento de uma obra musical como produto de um intelecto superior incute certo medo e humildade excessiva, principalmente nos ouvintes leigos, que acabam por abordar a música como algo extremamente especializado, distante de sua realidade e de sua compreensão, e completamente inatingível, como uma daquelas fórmulas matemáticas dificílimas ou uma teoria física por demais abstrata e incompreensível.
Em se tratando dos intérpretes, é geralmente o virtuosismo que se interpõe entre o ouvinte e a música. Assim como o compositor gênio, um virtuoso em seu instrumento pode chegar a adquirir a mesma aura sobre-humana. Estando ele nessa condição elevada, acuam-se todos os mortais comuns na única posição apropriada ao contato com divindades: a da veneração cega –e surda. Tem-se, então, uma unanimidade. E, neste contexto, a música se transforma em mero pretexto para o exibicionismo.
Um músico que tenha alcançado este almejado título certamente lotará as salas de concerto e receberá aplausos do público e elogios da crítica, mesmo que não tenha praticado seu instrumento com muito afinco nos últimos tempos... ou que toque o mesmíssimo repertório há anos... ou que a peça interpretada tenha sido uma versão simplificada de “Atirei o Pau no Gato”. Fato é que o som que emana do palco não faz lá muita diferença, comparada à simples presença do instrumentista virtuoso.
Esta situação pode ser ainda mais cômica se o virtuoso em questão for uma criança. Absolutamente, não há obra musical no mundo que mereça mais atenção do que uma criança de seis anos trajando um pequeno fraque e movendo seus dedos no palco. A ternura de tal visão é ensurdecedora! E o espetáculo adquire um caráter muito mais circense do que musical: emocionamo-nos com o “incrível menino violinista”, assim como nos emocionaríamos com o “incrível cãozinho falante”, sem darmos a menor importância para o que e como toca o menino ou para o que diz o cachorro.
Seria também de se esperar que a crítica especializada não fosse tão facilmente ludibriada em suas abordagens musicais por essas questões de outras ordens. Mas exemplos não faltam para nos mostrar como alimentamos de falsas expectativas.
Há alguns anos, por ocasião do 80º aniversário de Pierre Boulez, destacado regente e um dos compositores mais relevantes dos últimos 50 anos, a revista “Veja” dedicou duas páginas para resenhar três CDs que enfocavam sua obra. Pelo texto, podia-se saber a respeito da opção sexual de Boulez, dos apelidos que ele costumava receber dos músicos por ser um regente muito rígido e de boatos acerca de um suposto mal uso de verbas que recebera do governo francês. O texto não trazia, porém, nem uma linha sequer a respeito da música contida nos CDs. O ouvinte que não se interessasse por fofocas não poderia tirar da resenha nenhuma dica para auxiliá-lo na decisão de adquirir ou não os discos.
A mesma cobertura estrábica foi conferida à morte do violoncelista russo Mstislav Rostropóvitch, em abril do ano passado. A maior parte dos meios de comunicação dava destaque à sua posição política anti-soviética durante a Guerra Fria, ao seu exílio nos Estados Unidos e ao auxílio que deu a outras vítimas do regime. Nada se falou a respeito de suas interpretações ou do vasto repertório para violoncelo que só existe porque foi encomendado a diversos compositores, interpretado e gravado por Rostropóvitch. A partir desse enfoque da mídia, algum desavisado certamente entenderia que falecera um ativista político ao invés de um músico.
O exemplo mais patético, contudo, vem da TV Cultura, que mesmo assim vangloria-se de ter uma tal de “responsabilidade cultural”. Quando da morte do compositor alemão Karlheinz Stockhausen, em dezembro passado, o “Jornal da Cultura” noticiou o fato destacando a aparição do rosto do falecido compositor na capa do disco “Sgt. Pepper´s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles. Além dessa capa, a reportagem mostrava trechos de apresentações da banda inglesa e as tradicionais tietes ensandecidas externando seus aparelhos fonadores.
Mais uma vez, não havia sequer uma menção à música de Stockhausen, ou à sua importância para as várias revoluções que se deram na linguagem musical a partir dos anos 50, ou ainda ao seu pioneirismo na composição de música eletrônica. Algum espectador que perdera o início da reportagem deve ter concluído que o defunto em questão era algum membro dos Beatles. Até a música que servia de trilha para a matéria era dos Beatles, num raro e lamentável exemplo de como até mesmo a música pode servir para tirar a música do centro da questão!
Diante desses numerosos casos de ouvidos desfocados, chegamos à conclusão de que, ao contrário do que dizem os números e as vendas, a música ocupa um espaço ínfimo na vida da maioria das pessoas. Analisando com um pouco de cuidado, podemos perceber que quase todo o tempo que cremos dedicar à música é, na verdade, preenchido por fofocas, histórias fantasiosas, comportamentos e roupas da moda, seres sobrenaturais e imagens muito mais captadas pelos olhos do que pelos ouvidos.

Publicado em 27/3/2008

Matheus G. Bitondi É compositor, mestre em análise musical pela Unesp.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Escutatória

Escutatória
Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro:
Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito.
É preciso também que haja silêncio dentro da alma.
Daí a dificuldade:
A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor...
Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.
Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração...
E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade.
No fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64.
Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala.
Há um longo, longo silêncio.
Vejam a semelhança...
Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio...
Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas.
Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala.
Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos...
Pensamentos que ele julgava essenciais.
São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades.
Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza.
Na verdade, não ouvi o que você falou.
Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala.
Falo como se você não tivesse falado.
Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo.
É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.
E, assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos.
E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência...
E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos.
Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia...
Que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Hans Pfitzner - Palestrina

Algumas fotos da recente produção de Palestrina, de Hans Pfitzner, apresentada em Munique, na Bayerische Staatsoper.
O elenco foi:

Papst Pius IV … Peter Rose
Giovanni Morone … Michael Volle
Bernardo Novagerio … John Daszak
Kardinal Christoph Madruscht … Roland Bracht
Carlo Borromeo … Falk Struckmann
Kardinal von Lothringen / 5. Kapellsänger /
9. Erscheinung verstorbener Meister … Steven Humes
Abdisu / 1. Erscheinung verstorbener Meister … Kenneth Roberson
Anton Brus von Müglitz / 5. Erscheinung verstorbener Meister … Christian Rieger
Graf Luna … Wolfgang Koch
Der Bischof von Budoja … Ulrich Reß
Theophilus / 4. Kapellsänger / 2. Erscheinung verstorbener Meister … Kevin Conners
Dandini von Grosseto / 3. Erscheinung verstorbener Meister … Francesco Petrozzi
Bischof von Fiesoli /3. Kapellsänger /4. Erscheinung verstorbener Meister ... Todd Boyce
Bischof von Feltre … Rüdiger Trebes
Ein junger Doktor / 3. Engelstimme … Anaïk Morel
Avosmediano … Alfred Kuhn
Giovanni Pierluigi Palestrina … Christopher Ventris
Ighino .. Lydia Teuscher
Silla … Gabriela Scherer
Bischof Ercole Severolus/8. Erscheinung verstorbener Meister… Christoph Stephinger
Ein spanischer Bischof / 2. Kapellsänger /
6. Erscheinung verstorbener Meister … Christopher Magiera
1. Kapellsänger / 7. Erscheinung verstorbener Meister … Igor Bakan
Die Erscheinung der Lukrezia … Heike Grötzinger
1. Engelstimme … Laura Nicorescu
2. Engelstimme … Elena Tsallagova

Chor der Bayerischen Staatsoper
Bayerisches Staatsorchester
Dir.: Simone Young

Bayerische Staatsoper München, 19. Januar 2009




































sábado, 13 de dezembro de 2008

O Menino do Pijama Listrado

O filme teve sua estréia em São Paulo nesse último fim de semana.
Trata-se de uma produção americana e inglesa e é mais uma que trata do Nazismo, que é, com certeza, um dos temas mais retratados no cinema.
A novidade do filme é trazer o assunto para a ótica de um garoto de oitos anos, filho de um comandante da SS, que se vê envolvido nas garras do regime. O filme trata principalmente da amizade entre o garoto alemão e um judeu, da mesma idade que a sua, que está preso num campo de concentração (Auschwitz, por certo) e as consequências quase previsíveis e dramáticas que isso vai acarretar.
Não há muita originalidade no filme, mas alguns momentos são bastantes comoventes. As situações se voltam para o mesmo tema já debatido e batido em dezenas e dezenas de filmes feitos sobre o holocausto judeu.
Nesse sentido, "A Vida é Bela" de Roberto Benigni é ainda o mais original de todos.
O momento mais marcantes é seu final, chocante, seguindo o desenrolar da trama. Um clímax que realmente provocará enorme supresa no espectador.